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atelier de domesticação de demónios

caderno de variações sobre dores em dó menor, por O Marquês. 

27.3.13


quaresmas, i. foi encontrado um texto dactilografado, sem relevância de qualquer ordem, sob o qual estava a assinatura de Émile Jesus. desse texto alguém reteve uma frase, comer bifes todos os dias é spam doutrinário. reteve a frase, não pelo valor filosófico ou pelo valor literário, pela correcção que nela foi introduzida. a palavra doutrinário foi riscada e sobre ela, numa caligrafia irrepreensível, foi escrita a palavra desaustinado. foi este pormenor que fez com que o texto não tivesse sido esquecido e que tal alguém o tenha recordado no momento em que, por ter trinchado um pedaço de carne maior e não o ter mastigado como devia, sufocou. aconteceu na quarta-feira de cinzas.

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20.3.13


isto não é matar por amor, vi. isto é apenas um teaser, tanto amor, haveria de dar em quê?, que chegou atrasado. uma ideia. vêem-se as bolhas que a sugerem, arrumadas na direcção do que parece ser uma sombra. também pode ser um vulto. no interior do balão, a bolha maior, está isto. aos quarenta anos, inaugurada na idade que te começa a falir como balzaquiana ou loba, quem és tu?, o que ainda queres ser?, se continuas a precisar de ser. faz-te a morte o que podes continuar, que eu, já não sinto força para dizer que jamais te esquecerei, ainda não te esqueci. e depois, depois de ler-se o balão, fixa-se um poema com o título o sexo, composto só por um verso, faz-te a morte, que, faz-te a morte, é o que alguém repete em voz alta para compreender e acomodar a perda, um amor zombie, que já não existe como continua a existir. prova?, sente-se ainda a dor a desaparecer, como se isso estivesse a começar a acontecer, embora esteja a começar a acontecer outra vez. outra vez. outra vez. outra vez. outra vez. outra vez. outra vez. não é apenas a morte que separa.

referência

13.3.13


matar por amor, v. boa tarde, a saudação grave de quem entrou na taberna. boa tarde?, chuva que deus a dá, grossa e fria, fumo preto por não haver papa e ainda há quem ache que isto é uma boa tarde, resmungou Baltazar. nenhum dos presentes lhe dirigiu a palavra. perceberam-no encharcado e azedo, preferiram ignorá-lo. porém, interessa-me tanto saber quem vai ser o papa como saber qual é a equipa que vai ser campeã na turquia ou na china, era-lhes difícil deixar de encarar aquela presença, ali, naquele dia, como não sendo provocação. não vás na conversa, é o Baltazar, está entornado. para eles, eu sei, era provocação. o direito que Baltazar tivesse de estar ali não era expiação suficiente da culpa que ainda lhe creditavam. há coisas que nunca ficam saldadas, que não podem ser esquecidas.

referência

6.3.13


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(U)

matar por amor, iv. há onze dias Clementina teve um pesadelo que envolveu bois e vacas. ela recorda ter acordado e revelar-se-lhe que as vacas eram malhadas, a branco e preto, e os bois eram lisos, todos pretos. o que a surpreendeu, pois ouvira contar que as realizações oníricas não eram a cores. o branco e o preto que ela vira eram branco e preto autênticos, não eram cores de catálogo de tintas. o preto era lustroso, como se incidisse o sol nele, não era um preto baço, de televisão antiga. o branco tinha tonalidades, não era um branco de cal, com alvura uniforme, era um branco cremoso, às vezes ligeiramente amarelecido, nomeadamente nas manchas das partes mais baixas das vacas. outro elemento do pesadelo que Clementina reteve com impressão mais vincada foi um símbolo, coisa de máquina de escrever, parecia, representação de um bovino. ela ficou de tal modo perturbada que telefonou à irmã e combinou ir visitá-la na semana seguinte, passar uns dias na serra. para dar espairecimento à cabeça, mana, bem preciso, anunciou Clementina a expiação que ia tentar.
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referência

2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).