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matar por amor, iv. há onze dias Clementina teve um pesadelo que envolveu bois e vacas. ela recorda ter acordado e revelar-se-lhe que as vacas eram malhadas, a branco e preto, e os bois eram lisos, todos pretos. o que a surpreendeu, pois ouvira contar que as realizações oníricas não eram a cores. o branco e o preto que ela vira eram branco e preto autênticos, não eram cores de catálogo de tintas. o preto era lustroso, como se incidisse o sol nele, não era um preto baço, de televisão antiga. o branco tinha tonalidades, não era um branco de cal, com alvura uniforme, era um branco cremoso, às vezes ligeiramente amarelecido, nomeadamente nas manchas das partes mais baixas das vacas. outro elemento do pesadelo que Clementina reteve com impressão mais vincada foi um símbolo, coisa de máquina de escrever, parecia, representação de um bovino. ela ficou de tal modo perturbada que telefonou à irmã e combinou ir visitá-la na semana seguinte, passar uns dias na serra. para dar espairecimento à cabeça, mana, bem preciso, anunciou Clementina a expiação que ia tentar.
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