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atelier de domesticação de demónios

caderno de variações sobre dores em dó menor, por O Marquês. 

24.5.07


dies tenebræ, capítulo sétimo. estavam hospedados no hotel dieu. uma voz, senhor, sou a tua sombra. havia um espelho partido. insistiu a mesma voz, senhor, ouviste?, sou a tua sombra. ali, naquele momento, o reflexo era impossível. raquel estava deitada e assim permaneceu após a saída de ruben. depois, animada pelo radiador, a mancha pequena da parede do quarto alastrou. o quarto escureceu. tanto que a mancha adquiriu uma terceira dimensão e preencheu todo o espaço, sufocando raquel. a asfixia foi lenta, para permitir-lhe a consciência sofrida da sua impotência e do seu estertor. sentiu o corpo falir, a culpa a alojar-se nele e uma dor grave com ela. também ouviu jacob rir, sem ouvir. ainda a mesma voz, senhora, sou... o espelho estava partido. ___________________________________ ninguém, ninguém. e os olhos dela, sem corresponder, sem lágrimas, negros, absolutamente negros, quietos e magoados.

referência

19.5.07


crónica de uma vida et cætera, iv. deus tentou segurá-la, mantê-la ali. ela furtou-se a essa tentativa. e, sem se afastar, disse-lhe, sabes?, agora o meu corpo vai a maçãs.

referência

16.5.07


a expiação do ciúme. estavam no centro da sala, exactamente no centro, porque a forma da sala era circular. ele segurava-a com firmeza. uma mão sobre as suas costas proporcionava que, durante a dança, encontrassem os torsos. ele liderava os passos. quase todos observavam o casal com emoção. a sala era faustosa. irrompiam figuras celestiais e ornamentos magníficos da parede, celebrando, com detalhe e a talha dourada, a opulência própria das armas da estirpe dela. as janelas eram rasgadas de baixo a alto e guardadas por cortinados bordados esplendorosamente. quase todos observavam o casal com emoção. friedrich kurtz era o único presente sem padecer esse abalo emotivo. por isso, quando o candelabro de cristal que iluminava a sala se abateu sobre os dançantes, perante a consternação quase total, mais do que qualquer outra pessoa, friedrich aproximou-se dos corpos prostrados sob o lustre. o sangue estendeu-se em mancha sobre o soalho, contornando-lhe os sapatos. os corpos, dela e dele, iam ficando exangues. ele jazia. ela, chocada, ventilava com dificuldade evidente, através de sopros cortados e curtos. sem que alguém se apercebesse, simulando socorro, friedrich separou-lhes as mãos. depois retirou do peito dela um pendente do candelabro que aí se havia cravado, ao mesmo tempo que lhe deixou perceber a sua presença ali. o corpo dela estremeceu, como se indiciasse uma tentativa de esquiva. os seus olhos arregalaram-se. sem esforço, friedrich manietou-a, fingindo continuar o seu cuidado. depois debruçou-se sobre ela e murmurou-lhe sim, fui eu, meu amor, não foi um acidente. e, vigiando-lhe a agonia, guardou-a até expirar.

referência

2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).