<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8193618\x26blogName\x3datelier+de+domestica%C3%A7%C3%A3o+de+dem%C3%B3nios\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://atelier-de-domesticacao-de-demonios.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://atelier-de-domesticacao-de-demonios.blogspot.com/\x26vt\x3d-8248105175353944812', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>
atelier de domesticação de demónios

caderno de variações sobre dores em dó menor, por O Marquês. 

29.4.09


o sinédrio das abjurações, iii. uma mulher nua. o amor é uma personagem triste. é como o socialismo, disse ela, enquanto contemplava os hematomas impressos na carne. a nudez conferia-lhe mais do que presença, conferia-lhe evidência. antes de a tomar de costas para si e de a abraçar, o amante perguntou-lhe e o teu marido? ela cedeu à confiança das mão dele, sentiu os seus seios enconchados aí. emitiu um gemido, não se percebeu se de gozo ou se de dor. os hematomas timbrados no corpo. ele não aliviou as mãos, continuou a manipular-lhe o peito. ele nu também. o meu marido vai demorar, não te preocupes, sossegou-o ela. então ele desviou-lhe o cabelo da nuca, fazendo-o cair sobre o ombro mais distante da sua boca. cheirou-lhe o pescoço, bafejou-o, beijou-o, lambeu-o, deslizou a língua até alcançar e morder-lhe o lóbulo da orelha. após isto ela desarmou o abraço. dobrou-se sobre a cama do filho, assentou as palmas das mãos sobre a colcha e afastou ligeiramente as pernas. ele aproximou-se e, toma o meu punção de carne, encontrou-se com as nádegas dela e além. aguilhoa-me, rogou ela, possantemente. os ruídos lascivos estenderam-se do quarto ao apartamento, enchendo as três assoalhadas. no momento em que ele aliviou o compasso do arremesso dos quadris, ela aproveitou para furtar-se e sair do quarto. ele tentou detê-la. perseguiu-a, tocou-lhe num tornozelo, derrubou-a e desequilibrou-se sobre ela, caindo também no corredor. ela não o rejeitou, não tentou esquivar-se. riu e arrumou o corpo para o acolher dentro de si. tomou-o com os braços e as pernas, puxou-o, beijou-lhe a fronte. e ali mesmo, no chão, ele reiniciou o movimento de investidas e insistiu até sentir o desconforto da posição e largar um suspiro. depois ela levantou-se e, vem, apoiou as mãos na parede, deixando o torso curvado ligeiramente para diante, as pernas abertas e os joelhos flectidos. ele levantou-se e, toma, toma, tornou a infiltrar-se nela. dá-me, dá-me, correspondeu ela. o teu marido vai mesmo demorar?, procurou ele a tranquilidade durante a cópula. vai demorar a eternidade que lhe dei, soltou ela com sarcasmo, ao mesmo tempo que, voltando a cabeça para trás, o encarou sobre o ombro. facto que o entusiasmou mais, Cecília, és uma puta, levando-o a intensificar o ritmo dos embates. ela consentiu-lhe o arrojo, permitiu que ele continuasse a enfiar-se com assomos violentos na carne dela. mas não sou uma ilha sem soberania, disse ela. por causa do suor, uma das suas mãos deslizou na parede, no sentido ascendente, atenuando a inclinação do tronco. não obstante o esgar de esforço, ele não a largou. com a mão esquerda segurava-lhe a anca, com a outra mão agarrava-lhe um ombro. eu faço destinos, a tua eternidade também, acrescentou ela.

referência

8.4.09


o sinédrio das abjurações, ii. tu, eu. isto é demasiado mana a mano, não é um casting de bocas. por isso não abras os lábios, não os descerres. não quero saber como respiras ou como beijas. também não quero saber o que dizes ou como pronuncias yoknapatawpha. não quero saber se tens dentes cariados ou se há estrelas no céu da tua boca. há vozes e lugares que me fazem sono. prefiro a artilharia pesada, o sangue solto. agora prefiro tudo o que é solto. não demoro demasiado no que é autêntico, não sou dessas, dessas do meridiano. não posso ser dessas. embora o sangue nas mãos me denuncie.

referência

1.4.09


estrada nacional cento e vinte e dois. estacionei o carro na berma da estrada, carro que foi muitas vezes o altar da nossa paixão e da sua consumação. mudei-me para o banco de trás, para ficar ao teu lado. despertei-te, sacudindo-te o corpo. era já manhã. outros veículos, ligeiros e pesados, circulavam a velocidade alta e faziam-nos estremecer. tu mal acordada, quase despida, eu diante de ti. fiz-te a pergunta porquê? sem querer, menos ainda desejar, a resposta. eu já sabia porquê, não necessitava da tua confirmação. eu tinha visto tudo, eu tinha-te visto. porquê? serviu de pretexto. na verdade, quanto fiz a pergunta já sentia a cartilagem da tua traqueia a falir sob a pressão dos meus polegares. sabia que, como a culpa, a resposta não podia sair de ti. mas, mesmo assim, algo em mim sentiu necessidade de a exigir. as palavras costumavam aproximar-nos, fazer-nos íntimos. talvez tenha sido isto que me fez perguntar-te porquê?, a pergunta simultaneamente da acusação e da sentença.

referência

2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).