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atelier de domesticação de demónios

caderno de variações sobre dores em dó menor, por O Marquês. 

26.9.06


le bataclan asylum, # ii. devido à falta de provas, o dossier da investigação permanecia aberto. ora, segundo a superstição local, nenhum cadáver deveria calhar ao respectivo ataúde antes de as culpas estarem apuradas. onde é que ele está? através de uma janela percebeu que, atrás, no quintal, havia peças de lingerie agitadas no estendal da roupa. pareciam espectros alados, sem corpo, animados pelo demónio, embora o demónio não tenha jurisdição sobre este tipo de paisagem bucólica. ele já não é ele, é somente os seus vestígios. e os seus vestígios estão no quarto redondo, lá em baixo, na cave dos hóspedes. desceu as escadas e entrou naquele círculo umbroso, rendez-vous de carne fétida. não obstante as trevas, recusou a lanterna. de prometeu não quero o fogo, quero o fígado. sentia o corpo cansado, os ossos a latejar. as asas, apertadas sob o blazer, pesavam-lhe, como se tivesse sido derrubado sobre si o colégio de todas as suas culpas. carregava o corpo opresso, como se posto num capítulo de sentença certa. nenhuma esperança, nenhuma penitência. apenas o ódio, o ódio aos sofridos e aos legisladores. morte aos que cospem moral!, não a morte da espera, mas a morte dada, este pensamento sulcava em voz alta dentro da sua cabeça. contemplou por instantes a agonia de um caranguejo que estava sobre a cómoda, no qual havia sido cravado um punção. uma mancha líquida, muco das miudezas do crustáceo, alastrava e pingava sobre o chão. que morram! que morram os fiéis!, que morram os esperançosos!, que morram os caridosos! apertou uma das pinças do caranguejo até sentir as cartilagens cederem. esmagou aquela matéria na mão, cerrando brutalmente os dedos sobre ela. lá para fora!, todos lá para fora! afastou as criaturas de curiosidade necrófaga do quarto e começou a observar a cena, perscrutando entre as sombras indícios que lhe permitissem deslindar o caso.

referência

16.9.06


le bataclan asylum, # i. sabes?, conhecia-o desde antes ele ser cadáver. as putas estavam no recobro. lá fora, o vento revolvia as poucas folhas de nespereira caídas no chão. era o prenúncio do outono. a luz já mais baça. o sol tépido, indolente. a monotonia das voltas e do ritmo dos corpo. setembro é assim. e então ele não era melhor do que é hoje. apenas por esse pormenor, e porque morto, o digo saudoso. soavam murmúrios. talvez fosse o ruído dos insectos em torno da carne, o festim da putrefacção. talvez. vencia a penumbra. o soalho rangia sob os passos. notava-se uma película de pó a cobrir a cómoda. passara algum tempo. sim, talvez. mas isso, agora, pouco importa. quanto tempo?, muito?, pouco?, dias?, semanas?, meses? o carácter nunca foi propriedade que o tivesse abonado. voltara o regime da cidade. para além disso, a necessidade permanente de coordenadas obrigava a precisar o momento da ocorrência. se havia caso, era fundamental encontrar resposta para a interrogação quando? quando é que aconteceu?, quando é que aconteceu exactameente? isso é um mistério. por conveniência, ignorância ou temor, nenhuma das putas se constituiu testemunha capaz de esclarecer o que havia acontecido. a dúvida tornou-se administrativa. morreu. o requiem, a oração de todas as mágoas por finados, demorou. e, enquanto demorou, repetiram-se lágrimas e lamentos, das putas e das outras, as carpideiras venturosas. sim, morreu, mas temos que esperar a certificação do seu óbito.

referência

6.9.06


rather ripped. corpo recusado, desistido, silo de ausência e falência, toda a tristeza condensada naquela carne. assim estava ela quando o estuprador se aproximou.

referência

5.9.06


nutricionismo. dependendo do modo dorido como são capturadas, as carnes vermelhas são ou não são a dieta do equilíbrio.

referência

4.9.06


sonho a preto e branco. havia uma lâmina. havia carne. tudo em cinzento. mas o sangue era em vermelho technicolor.

referência

1.9.06


todas as mães têm o seu quê de senhora da agonia. mais ou menos, as mães sofrem. não tanto pela maternidade, mas sobretudo pela mania que têm da maternidade.

referência

2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).