25.7.12
Moriarty morreu?, ix. ambiente abafado, estavam a fazer a manutenção dos aparelhos de ar condicionado. é para si, lieutenant, atende? dirigiu-se à secretária, pegou no telefone. quase não houve conversa. sentou-se. os cotovelos assentes sobre a secretária, a cabeça depositada nas mãos, gesto breve, o suficiente para permitir a concentração. a narrativa que andamos a perseguir é produto de demência, o exaspero, às vezes sinto-me a enlouquecer com tudo isto. quem era?, lieutenant. um suspiro, ele, era ele, uma pausa breve, estávamos enganados, enganei-me.
18.7.12
Moriarty morreu?, viii. a epistemologia da morte, convoca o esforço mais para a decifração do que para a exactidão, trabalhamos sob a condição dela mas devemos evitar os efeitos que produz. duas operações, distinguir, relacionar, é assim que se raciocina. papel número nove, papel número dez, papel número doze, papel número treze, papel número catorze. faltam dois. que te parece? sete vícios, sete virtudes. a repetição, coisa de doido, não a confirmação.
11.7.12
Moriarty morreu?, vii. traz os documentos, não te esqueças. desligou o telefone. trabalhar nas trincheiras aproxima a morte, a humanidade. já fiz o download de essential killer, disse-lhe ela, se vieres cedo, logo, podemos vê-lo juntos, antes de o beijar na face e sair de casa. está bem. até logo. até logo.
4.7.12
Moriarty morreu?, vi. a folha número nove estava dobrada, duas dobras sucessivas, como se fosse um boletim de voto. desdobrou-a. durante o fim a vida é ainda à cadência de vinte e quatro imagens por segundo, o instante sem anatomia. habituámo-nos mais ao mal do que à culpa, um desabafo.
2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).