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atelier de domesticação de demónios

caderno de variações sobre dores em dó menor, por O Marquês. 

17.9.08


o Custódio das barricadas no quartier latin. colocou o problema do atendimento e do consolo psic. que poderia valer-lhe?, a ele, se não acreditava e não estava disposto a acreditar em modas, que químicos prescritos por um estranho pudessem afectar-lhe a alma, alterar-lhe o humor. há gajos que crêem haver deus sob a forma de comprimidos ou drageias, doseado na proporção certa. como sabes, deus é a senda para a felicidade, disse o outro, em tom trocista e provocador. o diálogo prosseguiu no âmbito da cumplicidade de ambos. e Blanchot?, era doido?, era tonto?, era o quê? leste la bête de lascaux? a conversa entre os dois amargava cada vez mais e precipitava-se para domínios umbrosos. ele sentia isso e, antes que fosse demasiado tarde, tentou rectificar o sentido do colóquio. estendeu uma garrafa de cerveja em direcção ao outro, enquanto na outra mão segurava outra garrafa para si. velhos tempos, aqueles, disse ele, arriscando recuperar o seu ânimo através da convocação de uma memória que lhes era comum. bons velhos tempos, corrigiu-o o outro, com severidade, não muita, alguma apenas, a que, justamente por não prejudicar a amizade, é permitida aos amigos. sim, bons velhos tempos, consentiu ele, derivando depois para a adversativa, mas, sabes?, não consigo sentir saudades desses tempos. este é o meu maior problema e por tal, para mim, tornou-se insuportável viver. um compasso de silêncio aproximou-os. se a fraternidade operava naquele instante, como poderia ele não sentir o triunfo daqueles dias?, se não no mundo, neles, neles dois, que estavam ali, encontrados, que antes haviam trocado um abraço e muito antes, há quarenta anos, haviam lutado e combatido juntos, corrido juntos, ousado juntos, fugido juntos. vou matar-me, proferiu ele, em tom imperturbado, ditando a sentença própria, como se fosse um meirinho, sine ira et studio, sem consciência de estar a ser condenado por si. o outro sobressaltou-se. espera, deixa-me ajudar-te, eu ajudo-te, eu primo o gatilho, e pum, camarada, menos um.


2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).