20.5.08
a luminescência dos amantes. e súbito calaste-te, não sei porquê. a tua sombra tornou-se débil, sim, débil, mais débil do que discreta. a tua pele ficou ilegível, sem o tom corado de antes. o teu corpo cedeu, deixou a força, o impacto. esmoreceu. arrefeceu também. she comes in colors everywhere perdeu a verdade. já não és tu, regular ou irregular. nunca como no instante anterior senti a tua palpitação cardíaca assim, acelerada, o meu corpo tão entranhado no teu, os nossos corpos a corresponderem no ritmo e na violência. mas era apenas para imitarmos les amants de Magritte, não era para sufocares com a fronha da almofada. apertei demais? porque nada disseste? quando me arranhaste estavas a fazer-me algum sinal? querias que eu parasse? senti a tua excitação, pensei que estavas excitada, como eu. até me mordeste os lábios através do tecido. olha o meu sangue, olha a minha carne lavrada pelas tuas unhas. ele consertou o abraço, cingiu o corpo dela ainda mais ao seu, o corpo dela bambo pelo perecimento. ainda me amas? porque não respondes? a primeira lágrima sulcou no seu rosto, um traço quente. e agora? e agora? o que vai ser de nós?
2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).