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atelier de domesticação de demónios

caderno de variações sobre dores em dó menor, por O Marquês. 

30.1.07


way down in the hole. ela perguntou-lhe como é que te chamas?, deus? ou freud? ele não respondeu, apenas sondou o motivo da interrogação, porquê?, está a doer-te?

referência

29.1.07


o outro lado da paixão. olhos nos olhos, os amores, ela dele, ele dela, manuseiam o respectivo punhal, esperando as costas, uma do outro, um da outra, até que, por ela ou por ele, a morte os separe.

referência

27.1.07


fado antigo. o seu maior desejo também era o seu maior sonho, viajar no tempo, ir a antanho e regressar, como quem vai ali e volta. um dia, após muito malabarismo quântico, proporcionou-se essa viagem. e, marcha à ré, ele lá foi pelo tempo, exactamente até a um século antes. aconteceu que, durante a estadia no passado, foi alvejado fortuitamente por um projéctil que, numa peleja de honra, havia sido oferecido a outro destino. ferido pelo chumbo e com a alma melindrada, tornou pouco depois ao exacto momento em que partira. morreu de tétano.

referência

25.1.07


anjos em chamas. por motivos ainda não apurados, aconteceu um sublevação das criaturas do inferno. não são compreensíveis as suas movimentações, sequer as suas reivindicações. no motim clamam repetidamente uma única palavra de ordem, morte aos extintores!

referência

18.1.07


morte lenta. vou matar-te! pronunciou a sentença com uma placidez impressionante. mas não o matou. deixou-o viver para que sofresse. haveria de morrer por si, no fim. jamais se permitiu antecipar-lhe o termo do sofrimento.

referência

15.1.07


all tomorrow’s parties. sobre a ecúmena, o motivo soberano da prenhez não é a reprodução da espécie. é, sim, o sofrimento da mulher e, através desse padecimento, a dor do homem também, pois a mulher é um dispositivo revanchista.

referência

5.1.07


psique strip. não sei, mas houve um motivo certamente. sei lá qual, um motivo qualquer. talvez tenha sido por causa do tempo. ou por causa da face dela e dos seus cabelos negros e lisos suspensos sobre os ombros. ou por causa de algo que deus tenha escrito na sebenta dos destinos. sinceramente, não sei. não recordo. não consigo recordar. o que sei é que foi à noite, isso eu sei. lembro-me da lua, impressa no fundo celeste tenebroso. recordo as sombras que se desenhavam na face dela. recordo também o brilho dos seus cabelos. depois começou a soar uma composição de györgy kurtág sobre um fragmento avulso de kafka. leoparden brechen in den tempel ein und saufen die opferkrüge leer. fiquei excitado, não sei porquê. as minhas mãos foram tomadas por um frenesi. como que lhes assomou a loucura. soltei-as. não queriam sentir-se presas. dei-lhes a liberdade que exigiam. elas queriam ser livres, ficaram livres. das wiederholt sich immer wieder. desconheço, depois, o que tenha acontecido. sim, o meu corpo estava lá, mas eu ausentei-me. não fui eu que lá fiquei. foi uma parte minha. não sei como é que aconteceu. essa separação nunca me tinha acontecido antes, tal como nunca me aconteceu depois. dizem que foram as minhas mãos, as minhas mãos. estas, olha, estas. as minhas mãos. não fui eu, foram as minhas mãos. schließlich kann man es vorausberechnen, und es wird ein teil der zeremonie. se não fui eu, onde é que eu errei? deveria ter sido eu?, é isso? não posso confessar o que não é confessável, não é? espera. sei lá. talvez tenha sido por causa de uma conjugação estranha dos astros. há quem admita isso, zodíacos, signos. talvez o sofrimento dela estivesse inscrito nas estrelas e nas órbitas dos planetas. talvez ela tivesse mesmo que sofrer, que ser supliciada e sacrificada. é o que acontece aos carneiros. ela era carneiro. eu não sou anjo. as minhas mãos não são mãos de anjo da guarda. eu não tenho asas. não sei voar. se não fui eu, qual é a minha culpa?, a culpa das minhas mãos? não. ouve, ouve-me. não, já disse, não sei. como é que eu me chamo? sim, sei qual é o meu nome, mas o meu nome é necessário para quê? foram as minhas mãos, as minhas mãos. nunca as baptizei. será que foi por causa disso? também pode ter sido por causa da solidão, das solidões dela e minha. as minhas mãos não estão acostumadas a outras mãos. não distinguem as carnes.

referência

4.1.07


dueto com final doloroso. ela, está frio lá fora, sabes? ele, sei, é por isso que estou aqui, dentro de casa. ela, vou sair. ele, não vás, fica comigo, está frio lá fora. ela, não, vou sair. ele, voltas? ela, enquanto estiver frio lá fora, não. ele, vou chorar. ela, chorar?, por que motivo? ele, porque vais deixar-me aqui, sozinho. ela, isso não é motivo para chorares, motivo para chorares é isto. ele, isto?, o quê? ela, isto.

referência

2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).