1.11.07
o charme discreto dela. que morria, mais do que ressuscitava, disse. que, cansado do catálogo dos dias mesmos, agora colecciona outubros. que são já muitos os que tem, nenhum repetido. que os guarda junto a um amor com bolor. que é assim não por omalgia, que ainda os pode carregar todos, se quiser. que não sofre, mente, porque o amor é sujo. que é o que é apenas, insiste, corpos encostados, amparo e afecto. que o pó sobre eles, os corpos dela e dele, é a marca da cumplicidade e da comunidade que têm, tenta, mas não é verdade. o que se vê em ambos os corpos é uma tristeza só, única e a mesma. e já é tarde. há muito tempo que o princípe morreu. foi ela que o matou, abrindo-lhe no peito a caverna onde domiciliou uma bomba, bomba que acordou depois com um sopro seu. pelo que, embora ainda não saiba, ele, que sempre a quis, foi quem a deixou, deixando-a fazer o que fez.
2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).