26.11.07
logout, i. corre muito quieto, esgravata, passa, nada diz. escreve no caderno enquanto caminha, coça a cabeça, raspa as lêndeas com as unhas. mastiga apressadamente a carne, o bolo de carne assada. escolhe um shampoo da prateleira, anti-caspa, com condicionador. agora passa mais devagar, cospe, molha o lápis na língua e escreve no caderno, numa caligrafia de falido, de muitos cheques mortos na compensação em lisboa, assento de insânia. puta que o pariu, está a acabar, quase a acabar, mas ainda não acabou, mas vai acabar agora. deita o caderno no chão, pisa-o com um pé, pisa-o com o outro pé também, rasga a folha onde escreveu assento de insânia, guarda-a num bolso das calças. filho da puta, não há mais quem. o bolso está roto. ele passa outra vez quase sem passar. a folha cai, perde-se. e a chuva cai sobre a folha. é o fim, este fim, só falta escrever uma última vez assento de insânia, antes de terminar. cá está, assento de insânia.
2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).