27.2.07
o senhor de montmorency-laval. disse, não releva se é cru, conquanto o tópico seja humano, não animal apenas, e o motivo seja cruel.
22.2.07
chuvas de todo o ano. há um problema quando se ama alguém que diz pelo sabor ou pelo perfume sou capaz de diferenciar a água da chuva das diferentes estações. um problema que, para ele, era necessário resolver. por isso, durante o ano seguinte, quando choveu, ele colheu a água cadente e conservou-a metodicamente em tinas esterilizadas. para as distinguir, desenhou um símbolo em cada um dos recipientes e, em papel, que escondeu, registou o significado de cada um desses símbolos. uma gota de água em tom azul celeste significava chuva de inverno. uma flor desabrochada, uma túlipa - pela forma -, significava chuva primaveril. um sol amarelo resplandecente significava chuva de verão. uma folha de plátano, torrada pelo sol baço de outubro e novembro, significava chuva outonal. porém, mantendo a suspeita que ela seria capaz de decifrar os símbolos, no dia da prova, à cautela, ele decidiu agrafar-lhe os olhos.
8.2.07
pietà. às vezes toma-a uma sensação tormentosa e, não fui feita para isto, lamuria-se. ele, porém, incapaz de a compreender, insiste e tenta dissuadir-lhe o pranteio, mas eu amo-te tanto, não gosto de te ver sofrer, mentindo-lhe, ao mesmo tempo que, em complemento da manobra, a aconchega entre os braços, contra o peito.
2004/2022 - O Marquês (danado por © sérgio faria).